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Amazon entra no Transporte Marítimo

A Amazon China submeteu o seu pedido de registo para prestar serviços de transporte marítimo a 9 de Novembro de 2015 nos EUA. Em Portugal e mesmo nos media internacionais, esta notícia teve pouco ou praticamente nenhum destaque no sector. No entanto a meu ver, de futuro, poderá ser um marco e ter um significado importante para a indústria do transporte marítimo e da logística a nível global. Porquê?

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Mais detalhes aqui.

É uma pergunta, que todos os que trabalhamos neste sector nos devemos questionar. A meu ver por várias razões, que explico abaixo.[symple_spacing size=”10″]

Estratégico – Integração Vertical

O transporte entre os EUA e a China é claramente estratégico para a Amazon, uma vez que os seus produtos mais vendidos são os eletrónicos (75% das vendas em 2015, nos EUA), e a China, como todos sabemos, um dos seus principais produtores. Em 2015, a Amazon foi o maior retalhista digital nos EUA, com um volume líquido de faturação de 107 biliões de dólares.

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Não estar pendente de terceiros (dos atuais fornecedores de transporte marítimo) na sua operação de retalho online, dá-lhes uma capacidade que não tiveram até aqui, quer na gestão do transporte quer no serviço de entrega aos seus clientes, do qual dependem de forma crítica. No fundo, é uma integração vertical do negócio, assumindo toda a operação logística.[symple_spacing size=”10″]

Custo vs. Receita – Otimizar operação e efeito de escala

A Amazon em 2015 teve uma receita de 6.52 biliões de dólares no transporte e expedição dos seus bens transacionados online, enquanto os seus custos de transporte foram no valor de 11.54 biliões. Estes valores por um lado, dão-nos uma ideia da importância da gestão do transporte e da logística na sua operação (representa mais de 10% da sua receita total) e por outro, dá-nos uma ideia relativa do volume de compras e bens transacionados, que os coloca acima de muitos transitários e empresas de transporte e no top 10 mundial 3PL’s (third-party logistics providers). Mostra também claramente que têm que equilibrar as contas “logísticas” e inverter o balanço financeiro negativo na sua operação logística, reduzindo custos e aumentando receita no transporte, não sacrificando as margens dos produtos.

Novo Mercado Global, $350 Biliões

Esta entrada pode significar uma mudança de paradigma e colocar muita pressão num sector tradicional, uma vez que a Amazon tem meios para automatizar e eliminar etapas no processo logístico que normalmente envolve vários parceiros, sendo uma única entidade a ligar fornecedores e consumidores diretamente através da sua plataforma. Poderão usar software para eliminar custos de transação, associados com os despachos, bookings, e tracking da mercadoria, no seu fluxo logístico e sem dependerem de terceiros.

Por outro e com o crescimento exponencial do comércio online, abre um precedente e pode mudar o negócio do shipping para empresas de retalho online com volume que queiram seguir a mesma estratégia, como a Walmart, Staples, Apple e Alibaba, por exemplo.

Por outro, coloca-se o desafio e a oportunidade de poderem prestar serviços de transporte e comércio online a outros fabricantes que pretendam estar na sua plataforma e venderem os seus produtos, tal como a maioria dos fabricantes chineses anseiam.

O mercado do transporte marítimo internacional vale anualmente 350 biliões de dólares, e passa assim também (a quem pretender seguir esta estratégia) a tornar-se apetecível a empresas emergentes com perfil tecnológico e ansiosas por continuarem a fazer crescer as suas vendas, alargando a sua oferta.[symple_spacing size=”20″]

Hugo Duarte da Fonseca , Managing Partner, MAEIL